Negra Luz

Quilombos de Sergipe / Projeto Acorda

Essa pesquisa se debruçou sobre alguns elementos da cultura quilombola de algumas comunidades em Sergipe, tendo como pressuposto as seguintes áreas/temas: Arte; Gastronomia; Lideranças femininas; Representatividade cultural; Artesanato. Com o intuito de elencar algumas informações, buscou-se, de modo objetivo, trazer alguns dados para compor a construção do projeto Acorda. 

Para isso, foi realizada uma entrevista com algumas perguntas norteadoras que foram realizadas via contato por telefone com cada representante de cada comunidade quilombola, devido à impossibilidade de visita a campo pela pandemia de Covid-19, sendo a única possibilidade de contato devido questões de segurança sanitária e de saúde. Perguntamos o seguinte: 

  • Existe alguma mulher que tenha uma importância na comunidade? 
  • A comunidade possui algum artesanato ou grupo popular? 
  • Existe alguma comida tradicional que é feita ou alguma comida que se destaca muito no local? 
  • Tem alguma festa que realizam em algum período festivo/celebrativo? 

Quilombos mapeados no projeto

Alagamar – Pirambu – SE

Lideranças Femininas:

Gastronomia:

Artesanato:

Festas e Celebrações: 

Bongue – Ilha das Flores – SE 

Liderança feminina: Ana Maria dos Santos, é uma das fundadoras da Associação Quilombola do Bongue, tendo auxiliado na construção de mais de 50 casas. Também contribuiu com a criação do Restaurante Quilombola na comunidade. Desenvolve a profissão de Agente de Saúde. Atualmente a comunidade possui 22 barcos de pesca. 

Artesanato: No artesanato do Bongue se encontram a prática cultural do Crochê, bordados, trabalhos com pelúcia, feitura de lenços, etc.

Práticas culturais: Como práticas culturais, se tem um destaque para o grupo de Guerreiro, além de bandas de Pífano, no entanto, a liderança da comunidade destaca que muitos grupos acabaram se extinguindo devido as questões dos mais velhos partirem e os mais novos não aderirem as práticas. No entanto, está se realizando um trabalho de retomada dessas práticas.

Gastronomia: Na cozinha da comunidade é bastante comum se fazer Galinha de capoeira. Além deste prato, podemos destacar também o prato Peixe com Coco (neste prato geralmente utilizam o peixe Pescado).

Festas e Celebrações: Na comunidade se realiza a Festa de Santa Luzia, que ocorre em 13 de dezembro. Celebram também o dia 20 de novembro, com eventos culturais, batucada, etc.


Brejão dos Negros – Brejo Grande – SE 

Lideranças Femininas: Maria Pastora, Maria de Lourdes, Damiana. Mulheres mais velhas e sábias que sempre estavam à frente das ações da comunidade. São nomes referências de muitas coisas. Atualmente, essas mulheres/lideranças estão idosas e mais recolhidas, mesmo assim, ainda continuam sendo personalidades fundamentais para a comunidade.

Artesanato: Podemos destacar os produtos da Esteira de junco, rede, puçal e crochê como obras que estão constantemente sendo produzidas na comunidade. 

Práticas Culturais: Maracatu, capoeira.

Gastronomia: Na gastronomia do quilombo, os pratos que recebem o maior destaque são Marisco, Beijú, Caranguejo-uçá, e as moquecas de robalo, carapeba, traíra, piranha, pirambeba.

Festas e Celebrações: É realizada a Festa dos santos padroeiros da comunidade, que são Nossa Senhora do Patrocínio, São João Batista. Em agosto, ocorre a festa de Nossa Senhora do Bom Passo. Em novembro, a Festa da Santa Cruz, e ao final do mês de abril ocorre a festa de Oxóssi.


Canta Galo – Capela – SE 

Lideranças Femininas: Dona Maria Eunice, Esmeralda Oliveira Santos, Norita de Jesus.

Artesanato: Jeréré, crochê, vassoura da pindoba, panela de barro, esteira, cestos...

Gastronomia: Feijoada sergipana, arroz doce, geralmente na sexta-feira santa se faz arroz de coco...

Festas e Celebrações: Festa do mastro (15 dias depois de Capela), 20 de novembro, natal quilombola... 2 de fevereiro, Festa de reis em Japaratuba, Cacumbi (fundadores Antônio Rosa, Maria Lúcia). Se usam os instrumentos Caixa, Ganzá e Onça nas várias festas que ocorrem na comunidade.

Caraíbas – Amparo de São Francisco – Aquidabã – Canhoba – Cedro de São João – Telha – SE

Lideranças Femininas:

Gastronomia:

Artesanato:

Festas e Celebrações: 


Catuabo – Frei Paulo – SE  

Liderança feminina: Marlene de Lima.

Práticas Culturais: Reisado (Grupo de Reisado Manoel Bernardo Santos).

Artesanato: Crochê, bordado.

Gastronomia: Se cozinha bastante porco e ovelha, e se consome bastante jaca, manga, umbu.

Festas e Celebrações: Em junho é realizada a festa da padroeira Santa Paula.


Fazenda Pirangy – Capela – SE 

Lideranças Femininas:

Gastronomia:

Artesanato:

Festas e Celebrações: 


Lagoa dos Campinhos – Amparo de São Francisco – Telha – SE 

Lideranças Femininas:

Gastronomia:

Artesanato:

Festas e Celebrações: 


Maloca – Aracaju – SE 

Lideranças Femininas: Maria Madalena, Valdineris, Dona Cleuza

Práticas Culturais: Grupo Parafolclórico Saci Quilombola, Balé Afro

Grupo Haussás, Descidão dos Quilombolas.

Gastronomia: Acarajé da Nara, aracajé da Nega, bobó de caruru da Rosália, moqueca manjogome, mungunzá, arroz doce de Dona Rosa.

Festas e Celebrações: Noite da beleza negra (já realizada há 30 anos).


Mocambo – PORTO DA FOLHA – SE 

Lideranças Femininas:

Gastronomia:

Artesanato:

Festas e Práticas Culturais:


Mussuca – Laranjeiras – SE 

Lideranças Femininas: Marizete, vereadora reeleita da Comunidade, moradora e fundadora da Associação de Pescadores. 

Cleide, presidente da Associação de Moradores/as da Comunidade. 

Nadir dos Santos, uma liderança forte na Comunidade por ser reconhecida internacionalmente, ou seja, que apresenta a Mussuca mundo à fora. 

Jessica, artesã em biscuit, trabalha com grupos da Comunidade.

Gastronomia: Sendo uma comunidade onde o trabalho forte é a pesca, tem a moqueca de camarão e a de ostra, e sururu.

Festas Tradicionais e Práticas Culturais: Das festas, é comum encontrar a tradicional procissão, onde é feita uma comemoração com grupos culturais, comemorando os padroeiros.

O Samba de Visita, ou somente visita, que é celebrada quando há o nascimento de uma criança na comunidade.

No momento, várias festas estão suspensas e canceladas devido a pandemia de Covid-19.


Porto D’Areia – Estância – SE 

Liderança Feminina: 

Práticas culturais:

Artesanato:

Gastronomia:

Festas e Celebrações: 


Rua dos Negros – Canindé de São Francisco – SE 

Liderança feminina: Simone França Feitosa.

Artesanato ou grupo popular: Atualmente não possui nenhum artesanato costumeiro ou tradicional da comunidade. Também não se tem registro de grupos populares/culturais.

Gastronomia: Moquecas de diversos peixes.

Festas e Celebrações: Ainda se mantém a tradição do São Gonçalo, além da realização da Cavalhada, como sendo festas marcantes na comunidade. 


Serra da Guia – Poçp Redondo – SE 

Lideranças Femininas: Zefa da Guia, Liliane Alves.

Práticas Culturais: Dança afro, capoeira, samba de coco, banda de pífano.

Artesanato: Vassoura, bordado.

Gastronomia: Pirão e capão.

Festas e Celebrações: 20 de novembro, Festa das padroeiras, Novena Nossa Senhora da Guia, Divina Santa Cruz.


Sítio Alto – Simão Dias – SE 

Liderança Feminina: Zefa do Sítio Alto.

Práticas culturais: / Artesanato:

Gastronomia:

Festas e Celebrações: Dança de Roda, reisado

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IBGE. IBGE aponta que SE tem 132 localidades quilombolas e quatro indígenas. Infonet. 2020.

IBGE APONTA QUE SE TEM 132 LOCALIDADES QUILOMBOLAS E QUATRO INDÍGENAS


Para ajudar no enfrentamento à pandemia de Covid-19, o IBGE antecipou informações da Base de Informações Geográficas e Estatísticas sobre Indígenas e Quilombolas – 2019. A divulgação ocorreu nessa sexta-feira (24/04).

Na região Nordeste, a estimativa para 2019, mostra que o total de localidades quilombolas é de 3171, sendo a segunda região do país com maior número. Em Sergipe, são 132 localidades. Dos territórios quilombolas oficialmente delimitados e definidos em setores censitários, a região Nordeste registra 176 e Sergipe, 16.

Em Sergipe, estima-se que existem 45 agrupamentos quilombolas definidos em setores censitários. Desse total, 26 agrupamentos estão dentro de Territórios Quilombolas oficialmente delimitados e 19 estão fora de territórios que foram oficialmente delimitados.

Do total de localidades quilombolas fora de Territórios Quilombolas oficialmente delimitados, registram-se 90 em Sergipe, o que deixa o estado à frente da Paraíba, com 75 e Rio Grande do Norte, com 59, em relação à região Nordeste.

No estado, calcula-se que 51 dos 75 municípios possuam localidades quilombolas.


ESTIMATIVA DAS LOCALIDADES INDÍGENAS EM SERGIPE


No Nordeste, estima-se que existem 1 211 localidades indígenas e em Sergipe, 4. Em 2010, o Nordeste registrou 355 localidades e Sergipe, 2. No Nordeste, estima-se que existem 79 Terras Indígenas oficialmente delimitadas e definidas em setores censitários. Em Sergipe, essa estimativa é de 1.


Em relação à população indígena, em Sergipe, registram-se 5 219 pessoas. Dessas, 316 residem em terras indígenas e 4 903, fora. Esse número é de 2010 e coloca o estado de Sergipe à frente do Rio Grande do Norte, com 2 597 e Piauí, com 2 944. O estado nordestino com maior número de população indígena é Pernambuco com 60 995.


CONHECENDO MAIS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS E INDÍGENAS EM SERGIPE


Os municípios de Aracaju, Amparo de São Francisco, Telha, Aquidabã, Barra dos Coqueiros, Brejo Grande, Canhoba, Capela, Cedro de São João, Cumbe, Estância, Frei Paulo, Indiaroba, Japaratuba, Japoatã, Laranjeiras, Nossa Senhora Aparecida, Porto da Folha, Poço Redondo, Santa Luzia do Itanhy possuem Territórios quilombolas oficialmente delimitados, em Sergipe.

Esses municípios e outros do estado também possuem agrupamentos quilombolas. Uma das novidades do Censo 2021 é a inserção de uma investigação específica sobre povos e comunidades tradicionais no questionário. Dos municípios em Sergipe em que existem localidades quilombolas (2019), destacam-se: Capela (8), Santa Luzia do Itanhy (7), Lagarto (6), Pirambu, Brejo Grande e Estância, ambos com 5.

Em relação à população indígena, em 2010, Aracaju concentrava o maior número, com 2 175 indígenas. Além de Aracaju, existem oito municípios sergipanos que concentram mais pessoas que se declaram indígenas. Além deles, existem outros mas que concentram a população indígena em menor quantidade.